terça-feira, 24 de julho de 2012

Adaga e Flor (romance/literatura nacional)

Sinopse

Adaga e Flor retrata com fidelidade o lado B da rotina de um hospital,aquele que os filmes e novelas nunca mostram, dissocia do profissional de enfermagem a imagem vulgar e sensual que a mídia sempre fez e descortina realidades surpreendentes.

Depoimento da autora

Adaga e Flor é um romance de ficção com base em fatos reais e foi escrito em circunstâncias, digamos especiais de minha vida profissional.
Trabalho na unidade ambulatorial de um hospital público onde é comum lidarmos com clientes com distúrbio de humor e /ou comportamento agressivo, e não são raros os casos de desacato e agressão verbal aos profissionais do setor.
Presenciei três casos distintos e formas de condutas diversas da parte da chefia de enfermagem diante de cada caso.
No primeiro caso, ví e ouví claramente o cliente proferindo insultos à assistente social de plantão, bem como minha supervisora afastando-o discretamente  e tentando acalmá-lo para que não se chegasse às vias de fato, pois estava muito exaltado.
No segundo caso, uma auxiliar de enfermagem foi desacatada e ameaçada de agressão física por cliente de humor alterado que a acusava de ter dado preferência á outro cliente,prejudicando-o no atendimento.A funcionária teve que se ausentar por algum tempo do setor para que a ameaça não se cumprisse, pois o mesmo insistia na agressão.A supervisora estava de plantão, mas preferiu não tomar conhecimento.
No terceiro caso, eu fui ameaçada por cliente portadora de distúrbio mental, que me acusava de lhe negar atendimento, pois a mesma "se dava diagnóstico de hipertensão" e exigia pronto atendimento e medicação para pressão.Tentei orientá-la para ir ao PS, pois não há pronto atendimento no ambulatório e os casos considerados urgentes devem seguir fluxo já definido pelo hospital passando pelo PS.Como estava muito exaltada,não aceitou a orientação, chegando a me agredir fisicamente.
A supervisora foi chamada e a orientou para que fizesse queixa junto à Ouvidoria, o que foi feito imediatamente.Registrei B.O pela agressão e a diretora do ambulatório (e sua superior) me processaram com base nas acusações da cliente.Fui obrigada a cumprir uma pretensão punitiva pendente de recurso,me fizeram sair do setor de trabalho no início do meu plantão e me impediram de trabalhar por trinta dias.
Detalhe:minha supervisora riscou meu ponto a partir de um feriado prolongado de  quatro dias, quando o ambulatório não funciona (para garantir que eu não entrasse com recurso) e só me comunicaram a suspensão quatro dias depois.
Conhecendo meu direito de contraditório e ampla defesa,recorri e o Grande Pai fez justiça : consegui a anulação da sentença e o Estado me restituiu o pagamento integral.
Foi durante esses trinta dias que escrevi o romance.Voltei ao meu trabalho feliz com a graça de Deus, com a consciência leve, e com mais essa conquista.
Obrigada Senhor!